segunda-feira, 22 de junho de 2015

Loiras

Semana passada eu tive uma crise filosófica a respeito do comportamento feminino, então como de costume, peguei vários filmes pra assistir. Não filmes que me ajudassem a entender tal coisa, mas comédias românticas de fácil compreensão que pudessem me tirar aquele sorrisinho de adolescente fodido que a gente tem quando chega aos 21.
Acho que cheguei a ver pelo menos uns oito, começando na terça e concluindo na quinta, e acho que em 3 deles, geralmente com aquela história clichê de cara babaca que de repente começa a "amar", me deparei com a frase "nós mulheres somos mais complexas que vocês homens".
Eu nunca achei as pessoas complexas. Bom, pelo menos não no que diz respeito a relações, mas essa frase tem ficado na minha cabeça por dias.
Eis que, então, como o sociopata que sou, não poderia fazer outra coisa, a não ser uma análise baseada apenas nas observações sem nenhum fundamento psicológico ou pesquisa aplicada que tenho feito nos últimos 3 dias.
Voltando, não acho que as pessoas sejam complexas, e como mulheres são pessoas, creio que elas também não sejam. Ano passado devo ter tido pelo menos umas cinco candidatas a namoradas, mas nenhuma foi difícil de desvendar. Mas antes de prosseguir, vejam bem, eu não estou dizendo que sou um cara fodástico que consegue ler mentes, e analisar pessoas com um simples bater de vista, nem mesmo que as pessoas devam se adequar a minhas manias, ambições ou desejos. É só um texto que resolvi escrever nessa tediosa noite de segunda feira que a cerveja e o dinheiro finalmente acabaram.
Pense na situação: você é um cara de 1,78m, olhos verdes e deixemos características físicas pra lá... Você parece tímido mas não é, seu problema é ter ficado os últimos dois meses trancado no seu quarto, desenvolvendo uma apatia por pessoas que se vestem de forma "x" e pensam de forma "y", que são maioria na sua cidade. Aí um belo dia você resolve sair de casa, sua melhor opção é uma chácara, a qual você vai. Chegando lá, começa a beber às oito da manhã, pra uma festa que começa às oito da noite, contabilizando dentro desse período cerca de trinta latas de Skol palito(na minha terra chamamos de palito aquela versão menor da lata). A festa começa e você começa a andar, até porque se tu parasse com a quantidade de álcool no seu sangue e um frio de quinze graus você desmaiaria.
Depois de trinta minutos, eis que você encontra uma roda de pessoas barbadas que fumam, que nem você!
Bem, você pensa, pelo menos assim eu não fico parecendo tão fora do ambiente. Ideias vão, ideias vem, e de repente eis que aparece do seu lado uma garota. Negra, gostosa, do jeitinho que tu tem fetiches. Ela te olha nos olhos e diz: "Acho que te conheço. Minhas amigas dizem que você é muito inteligente." Aí teu amigo que tá do lado esquerdo diz: "Ele é formado em Artes Cênicas, fez teatro."
Ela responde: "Ah é, então diz que me ama?"
Aí, pare de imaginar que é você. Você não saberia o que dizer. Na verdade você sabe né? É só dizer eu te amo e partir pro beijo. "Ela vai molhar a calcinha se ele disser", o cara do lado pensa.
Mas não é só dizer "eu te amo" mas como dizer.
Pensemos então nas possibilidades:
1# Você diz "eu te amo" como se fossem namorados apaixonados e ela te beija.
2# Você diz "eu te amo" como se tivesse a conhecido a um tempo e estivesse afim de se tornarem namorados apaixonados e ela te beija.
3# Você diz "eu te amo" como se tivesse ido pra guerra do Vietnã, perdido uma perna, deixado três filhos para trás e estivesse fora por três anos. Ela molha a calcinha, pega na tua bunda, e mancha teu rosto de batom pela intensidade do beijo.

Escolhi a terceira, resultado premeditado. Tesão? Sim! Tédio? Mais ainda! Não sou formado em artes cênicas, larguei o curso no quarto período, mas brasileiro não frequenta teatro, então dá pra fingir.
Podem dizer que eu sou maluco, mas hoje em dia, eu beijo como se fosse fazer um TCC a respeito.
A abertura de boca foi boa, mas faltou língua, te dou um 7,8.
 
Você deve estar pensando, que patacas esse cara tá tentando dizer, e que patacas de situação louca foi essa.
Bem, parece uma situação incomum, você conhecer alguém que certamente você nunca mais verá na sua vida, ela te pedir pra dizer que a ama, vocês se beijarem, e tchau. Ou talvez nem seja incomum, se você leva uma vida inconsistente, em que sexo e álcool fazem parte do seu cotidiano como o café faz parte do meu. O interessante está no "por quê".
Vem aqui, você se perguntou o "por quê" dela ter feito isso? Acha que ela estava excessivamente alcoolizada? E por quê ela estaria dessa forma?
Na verdade ela não estava, pois caminhava e verbalizava bem. No seu rosto havia sinais de que recentemente esfregou com constância os olhos para se livrar de lágrimas, na mão direita a marca de uma aliança que tirara recentemente e que ficou na pele por culpa do sol. A amiga logo entrou na roda a pegando pelo braço, devia ter ligado pra ela e dito que queria animá-la após o término de um namoro, compraram bebidas, e ela resolveu aliviar a tensão.
Não posso provar que minhas explanações sejam verdadeiras, ou que de fato qualquer coisa aqui tenha realmente acontecido. Mas houve explicação. Há explicação.

Acho que por isso eu não namoro. É como passar dois anos no mesmo jogo. Analiso o tabuleiro, entendo como dar o cheque mate, e de repente me levanto porque deu vontade de jogar outra coisa.

Ah, se você está se perguntando porque o nome do texto é loiras, volte aos dois primeiros parágrafos, e volte aqui. Pra ressaltar como se eu tivesse dito duas vezes, que eu não tô nem um pouco afim de falar de loira.

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